No ano de 1963, um grupo de pessoas foi a Angicos e realizou um programa que visava alfabetizar os cidadãos em 40 horas, criado pelo educador pernambucano Paulo Freire. Aos 22 anos, o advogado Marcos Guerra foi um dos membros da equipe que conseguiu alfabetizar centenas de angicanos. Na época, ele era um jovem estudante do curso de Direito.
“Nós juntamos a alfabetização com a politização”, disse Guerra durante a entrevista ao programa Xeque Mate que será transmitido nesta sexta-feira (19) pela TVU, canal 5 (UHF) e 17 (Cabo).
O método estimulava os adultos a lerem e escreverem a partir das experiências de vida dos cidadãos de Angicos. O ensino usava as palavras presentes no cotidiano dos alunos e evitando, assim, o uso de cartilhas.
Quando começou o Governo Militar (1964-1985), a política de alfabetização foi extinta e Marcos Guerra foi um perseguido político. “As pessoas que trabalharam com Paulo [Freire] foram procurados pelos militares”, disse Marcos, que foi preso diversas vezes, sendo que a primeira foi no dia 2 de abril de 1964, em Sergipe.
Após sucessivas prisões, ele resolveu entrar para o exílio político. “O exílio foi uma forma de denunciar a ditadura lá fora”, afirma. Voltou ao Brasil antes da entrada da lei da anistia em 1979.
Os trabalhos com a educação não pararam após participar do projeto de Paulo Freire, ele atuou como secretário estadual de Educação durante o governo de José Agripino e ficou no cargo por quatro anos.
“Se eu não tivesse aceitado o convite, eu não teria o direito de reclamar da gestão na educação”, comenta.
Ele considera que a sua gestão foi boa, uma vez que foi um dos poucos secretários que atuou do início ao fim de um governo. De acordo com o educador, uma lacuna na educação que ainda não foi preenchida está relacionada com a eficiência escolar.
Hoje, aos 72 anos, ele é vice-presidente estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e foi professor de Direito Internacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Além disso, ele é membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, participou da campanha do “Projeto Ficha Limpa”.
O programa Xeque-Mate vai ao ar na sexta-feira às 20 horas e com reprise na segunda-feira ao meio-dia.