"Eu sou um velho trabalhador braçal da comunicação", assim define Antônio Telles, o entrevistado dessa sexta-feira do programa Xeque-mate, sobre os 40 anos trabalhando com política e comunicação. O jornalista e atual comentarista da Rede Bandeirantes iniciou sua carreira em 1962 como repórter no jornal Última Hora. Posteriormente seguiu para a TV Rio e TV Belo Horizonte, onde chegou ao cargo de Redator-Chefe. Também trabalhou no Jornal O Globo e na TV Globo em São Paulo e Belo-Horizonte, nas Rádios Itatiaia, Vila Rica e na Bloch Editores. No programa, Telles afirma que "a profissão essencial para qual o homem nasceu é a política"; é a arte por natureza essencial se relacionar bem com quem está ao seu lado.
O jornalista lembra ainda a época da ditadura e diz que o país sofre até hoje com o período de castração política, que a transição do período ditatorial para a democracia não aconteceu sem que a sociedade pagasse um certo preço. Também recorda que no início de sua carreira, os jovens atuavam muito nas manifestações populares. "A classe política tinha um maior respeito pela classe estudantil". Hoje, se a população não se informa sobre a política e assume uma postura crítica em torno dela, a política toma conta da população. "A sociedade é um condomínio de interesses", exalta. Assim também é na política.
Ainda sobre a comunicação, Telles preocupa-se com os negócios em torno dela. Algumas famílias estruturaram- se nessa empreitada e por isso, acabam deixando a imparcialidade muito aquém do esperado, isto é, todo o sistema de comunicação dirigido por essas familias acabam apenas prevalecedo os interesses das mesmas. Assim também ocorre com as emissoras controladas por Grupos Religiosos. Entretanto, deixar essa organização "na mão de sindicatos também não seria uma boa opção". Os negócios comunicacionais precisam encontrar um meio em que NADA além dos interesses da população em geral sejam levados em conta.
Além de tudo isso, o jornalista também compartilha com os telespectadores sobre sua experiência na Inglaterra. No começo dos anos 90, récem-curado de câncer na laringe (daí sua voz soar um tanto quanto rouca), Telles viajou para o país britânico e alugou uma casinha em Cambridge, onde permaneceu cerca de cinco meses. Logo teve contato com a Rede BBC e diz que essa é um modelo a ser seguido. As TVs deveriam pertencer ao Estado e não ao Governo, assim como é com a BBC e a NHK, esta última, do Japão. Elas apresentam uma qualidade excepcional, apesar de não possuirem qualquer vínculo com o Governo. Ademais, dentro dessa questão, Telles diz que não é apenas o Governo que intervém na mídia. Empresas privadas também. E isso funciona em todo canto. Portanto, as Redes Comunicacionais deveriam pertencer única e exclusivamente ao Estado, à sociedade.
Tudo isso e um pouco mais como assuntos voltados para a TV Digital e à permanência do diploma dentro do Curso de Jornalismo no Brasil, você pode conferir essa sexta-feira, 07 de novembro pela TVU às 19h. A apresentação fica por conta do jornalista e professor universitário Ruy Rocha, e a bagagem de perguntas também pelos estudantes de Comunicação Social da UFRN.
Texto por André Salustino
Pauta por Marcela Soares e Fyllype Ytalo
Pauta por Marcela Soares e Fyllype Ytalo