O artista plástico natalense, Vatenor de Oliveira Silva, nasceu em 1953 e foi criado no bairro de Igapó, às margens do Rio Potengi, onde se lembra com saudade dos cajueiros que tanto lhe acompanharam desde cedo. E foi justamente daí que Vatenor retirou a sua maior inspiração para o trabalho. O caju é, desde o início da carreira, o tema central de suas telas, um símbolo que para sempre marcará o artista e o deixará conhecido como o “Pintor dos Cajus”. Com mais de 2000 mil candidatos inscritos, Vatenor de Oliveira, aos 16 anos (1969), é classificado para o gr upamento de fuzileiros navais aqui de Natal. Contudo, dos 75 selecionados, os 55 mais velhos preenchem as vagas de Natal e os 20 que “sobram” são remanejados para o Batalhão Payçandú no Rio de Janeiro.
Lá ele sofreu perseguição de dois superiores (um tenente e um sargento) que o interrogaram sobre supostas atividades ilícitas de alguns de seus colegas fuzileiros navais. Por não entregar seus colegas de farda, Vatenor foi pressionado, preso e perseguido por tenentes e sargentos da marinha brasileira, até ser dispensado. Queria continuar na carreira militar, mas não pôde. Em 74 Vatenor começa a trabalhar na casa de molduras ‘Vidraço’ onde tem seu primeiro contato com o mundo da pintura. Em seu trabalho teve acesso a diferentes artistas e artes, mas descobriu uma grande admiração por “Vicent Vangogh”, chegando até a encontrar várias semelhanças entre os dois, como o fato dele ter nascido exatamente 100 anos após seu ídolo e de ambos terem tido uma infância humilde e pais protestantes, o dele da assembléia de Deus e o de Vangogh de uma mina de carvão holandesa.
Atualmente, Vatenor se prepara para a grande exposição que contemplará seus 35 anos de carreira e contará com obras de 74 à 2009. O evento acontecerá de 6 a 30 de novembro na capitania das Artes a partir das 19h30min. O artista confessa que não tem o que reclamar quando olha para trás e analisa sua carreira, principalmente por saber que sempre teve apoio e que contribuiu para a cultura não só do RN, como também de todo o Brasil e até do mundo, já que ele tem quadros até na Rússia. Vatenor ainda revelou que considera artista mesmo quem compõe uma obra individual e irreverente. Diferente de tudo o que já existe, por isso o nome de sua exposição: Vatenor: luz-cor-cajus 35 anos arteiro sempre ( arteiro, segundo sua concepção, alguém que cria algo inesperado, já que ele procura fugir da obviedade em sua obra). Para o futuro, Vatenor afirma que tem planos de escrever um livro, mas que não quer mais pintar telas, pretende trabalhar apenas com suas molduras (possui uma empresa de molduras administrada pelos irmãos no RJ) e divulgação de toda a sua obra feita até então.
Texto: Alexsandro Costa/Assessoria. Fotos: Vinícius de Oliveira/Assessoria.